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24 novembro 2005

São Paulo

São Paulo conspira contra minha pessoa.
Quando penso em partir, ela tende a me prender em sua rede de concreto armado.
Acho que ela me ama mais do que qualquer outra pessoa.

23 novembro 2005

Medo

Começar esse post com essa palavra me assusta, mas foi com ela que acordei hoje lendo um blog de uma pessoa que eu não conheço, nunca vi na frente, só falei uma vez em um contato um tanto estranho (por ser virtual), e agora só tenho visto pelas visitas que faço ao espaço dele.

Todas as vezes que iniciei um blog, eu inseria o velho papo do "nasci de uma família..." e terminava dizendo que assim o era. Pois agora posso dizer que nasci de uma família meio estranha, detonada por um lado, obscura por outro. A terapia, quando inicia o toque no fundo do poço, da escavação da minha infância, traz um medo incompreensível ainda. Tenho medo de tocar nas coisas que por ventura me fizeram mal, mesmo não sabendo quais são.
Meu pai era desenhista, minha mãe, sempre dona de casa. Meus irmãos, René um visionário, um cara inteligente, pacato, sossegado. O Sérgio um espírito incansável, trabalhador, rápido.
Quando René casou com Leonor, meu pai (tenho certeza), sentiu a perda do filho. Mas não admitia. A mesma coisa com o Sérgio. Quando o Sérgio faleceu, ele realmente tinha perdido um dos filhos, e acho que a partir daquele momento ele percebeu que não esteve presente o tempo todo com os filhos. Sim, Queiroz foi ausente em tudo.
Dai começou a procurar René. E quando meu pai faleceu, estava sozinho num asilo para pessoas doentes em Campos do Jordão. Todos pediram que o fosse visitar, mas como ele havia me "culpado" da doença dele, resolvi que era melhor não.
Dei o recado de seu falecimento, que me foi passado pela irmã mais nova dele 9 meses depois ao meu irmão, e continuamos a viver.
Quem vai questionar essas coisas? Ninguém. Só, quem sabe, em terapia.
E foi na terapia que me defrontei com uma coisa estranha. Eu sempre me declarei uma garota não revoltada com tudo que acontecia com minha família. Eu na realidade não enxergava o que estava acontecendo e não queria de modo algum enxergar. Não sou uma garota revoltada porque não me permito revolta. Sou no máximo magoada com todos que magoaram minha infância, mas eles não estão mais aqui para que eu resolva os problemas conversando com eles, então vou cuidar de ter mais contato com meu único irmão. Deixando de lado o fato de que ele é assim, na dele. E o moço que eu estava lendo sabe bem o que é ver uma pessoa na dele.
Não sei se sinto pena dele ou apenas confirmo que somos todos do mesmo sangue e seguimos nosso caminho sem olhar para trás, sem reparar no quanto magoamos as outras pessoas.
Ele tem uma consciência maravilhosa igual a da irmã. E eu me identifico muito com eles. Muito mesmo. Estamos passando por momentos de descoberta, eu mais tarde que eles, com certeza, mas ainda bem que estou passando.
Então moço bonito, que eu não tive o prazer ainda de conhecer, mas tenho certeza que o universo há de conspirar a favor de nós, te desejo felicidades mil, descobertas ainda maiores, e rezo que mesmo com o mesmo sangue e mesmo destino, não nos deixemos cometer os mesmos erros de nossos pais.

21 novembro 2005

A cada acordar, uma nova sensação.

Tenho vivenciado momentos, digamos, estranhos.
Minha vida está programada para ser boa, interessante, legal. Vou fazer o máximo para que isso se concretize.
O voltar a escrever me deu nova luz, nova direção, novos ares.
Hoje deparo-me com um novo desafio, e esse eu estou boba por vencer, a ansiedade.
Sou ansiosa ao extremo, querendo tudo que era para amanhã, hoje, agora (se fosse Santo seria o Santo Expedito).
E essa coisinha que atrapalha e só pode ser tratada a base de alopatia, me deixa em extase. Vamos ver até onde vou!

20 novembro 2005

Primeiro Post

Voltei novamente a "blogar".
Quando os webblogs começaram a ser uma febre, me meti a fazer um monte de blogs, tanto no precursos dele, que foi o blig do iG (se não me engano), e depois no blogpost e outros, e até nesse endereço eu, se não me engano, devo ter umas cinco contas. Um abuso, quando não se usa nenhum.
Em diversos blogs eu inicei contanto minha infância. Contei o que eu achava que fosse uma verdade para mim. Nunca admiti que tivesse problemas com relacionamentos familiares, mas a terapia (ah, santa terapia), mostrou que na realidade a Viridiana sofre de sérios problemas com relação à família.
Nasci a caçula, aquela que tem que ser cuidada e protegida, e no final acabei cuidando e protegendo quem ficou desamparado.
Sempre dizia que a separação de meus pais foi a melhor coisa que aconteceu naquela casa, mas não admitia que era o melhor para minha mãe. E eu? Nunca pensei na realidade em mim. Sempre nos outros, e continuo assim.
Não fui criança. Fui adulta desde a infância, assumindo responsabilidades que não deveriam ser minhas. Tive um pai, ausente, mas um pai. Um homem que passou a mesma relação de ausência e presença para os homens da família.
A terapia tem sido a melhor coisa que já fiz por mim. Tenho me descoberto, e isso é um ganho que ninguém pode tirar de você. Alguns podem me dizer, como você não se descobriu sozinha? E eu respondo, você admite estar errado ? Você admite ver o problema a sua frente e permite-se direcionar esse problema até sua solução? Pode? Ótimo, você é um privilegiado.
Eu não posso, eu não consigo, ou melhor, eu não conseguia.
Sou filha de pai ausente e mãe controladora. E com isso, assumi a parte de controladora dela, e a ausência de demonstração de sentimentos de meu pai. E isso estou aprendendo a entender. Só que é um caminho longo, árduo, não é fácil. Se fosse fácil, não custaria tão caro!
Percebo que reprimo muito minhas emoções, mesmo aparentando ser tão carinhosa. Precisamente isso estou trabalhando.
Espantei-me ao perceber que preciso sim da família que eu disse a mim mesmo que não queria encontrar. Fui procurar meu irmão e com ele tive uma conversa legal. Claro que fui armada e encouraçada, não me permitindo chorar. Mas fui bem recebida, fui bem tratada e tive algumas informações que não tive quando criança.
É, minha família sofre de um mal bem conhecido, a falta de companherismo e a displicência no trato com seus integrantes.
Quem não viu uma família assim que atire a primeira pedra.
Mas porque resolvi voltar a blogar? Porque senti necessidade de expor minhas mazelas e escrever sobre o que sinto. Perdi isso nos momentos em que me vi envolvida com o André Tadeu. Entrei em completo processo de depressão, talvez por ter entrado em contato com meu eu interior. Sobre o André, a quem vou denominar de Ele para que não seja continuamente dolorido falar da perda que ele teve em não continuar comigo, eu falo depois. O que importa agora é falar de mim, da minha família e dos meus momentos de terapia e evolução.
Sim, evolui muito. Está certo que a dois meses eu não faço terapia direto, apenas por contenção de despesas, mas logo eu retorno. E a Simone (terapeuta) tem percebido uma grande evolução. Agora estou mais questionadora, ainda com a ansiedade a mil, mas controlada nos momentos em que eu estouro. E assim vou indo.