Espanto-me quando alguns dizem que já se reconhecessem prontamente. Sim. Espanto-me.
Como podemos nos reconhecer se todos os dias são diferentes? Se todas as manhãs são novas? Se todos os dias fatos novos ocorrem?
Não será apenas uma forma de dizer que não quer opiniões ou críticas sobre você?
Sim, me espanto com a facilidade de meninos e meninas se dizendo prontos para uma vida da qual nem sabem o desfecho.
Cai em mim como uma luva apertada demais para vestir. Apertam nos piores lugares. Não consigo realmente engolir.
A vida, minha doce menina, ainda é uma coisa linda de se ter e se ver, seja espectadora não autora. Olhe-a pela janela de sua alma, sem medo do amanhã. Viver, menina, é bom demais, e descobrir-se a cada dia é melhor ainda. Não se deve descobrir tudo ainda, bem como não se deve viver tudo ainda. Permita-se ser aos poucos, e no tempo certo, bebê, criança e mulher.
Aproveite o que ainda lhe vem pela frente. Abuse, use, seja criança, mas deixe para ser adulta só aos cinqüenta anos.
Aquilo que você me disse ao pé do ouvido, não revele a ninguém, mas também não os deixe desconfiar, mesmo assim, mesmo daquele modo. Entenda, ninguém é igual a você, a mim.
Preocupo-me com a descoberta nascente, acho melhor a descoberta tardia, mas com a certeza que viver a cada dia é uma surpresa. Olhe-se realmente, abertamente, sem conceitos vãos.
Viva cada dia como uma nova e instigante descoberta!
(14° Concurso - Blogueiros Malditos)