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04 fevereiro 2006

Brincadeira(*)

Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse:
- Eu sei de tudo.
Depois de um silêncio, o outro disse:
- Como é que você soube?
- Não interessa. Sei de tudo.
- Me faz um favor. Não espalha.
- Vou pensar.
- Por amor de Deus.
- Está bem. Mas olhe lá, hein?
Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.
- Sei de tudo.
- Co-como?
- Sei de tudo.
- Tudo o quê?
- Você sabe.
- Mas é impossível. Como é que você descobriu?
A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida:
- Alguém mais sabe?
Outras se tornavam agressivas:
- Está bem, você sabe. E dai?
- Daí nada. Só queria que você soubesse que eu sei.
- Se você contar para alguém, eu...
- Depende de você.
- De mim, como?
- Se você andar na linha, eu não conto.
- Certo.
Uma vez parecia ter encontrado um inocente.
- Eu sei de tudo.
- Tudo o quê ?
- Você sabe.
- Não sei. O que é que você sabe?
- Não se faça de inocente.
- Mas eu realmente não sei.
- Vem com essa.
- Você não sabe de nada.
- Ah, quer dizer que existe alguma coisa para saber, mas eu é que não sei o que é?
- Não existe nada.
- Olha que eu vou espalhar...
- Pode espalhar que é mentira.
- Como é que você sabe o que eu vou espalhar?
- Qualquer coisa que você espalhar será mentira.
- Está bem. Vou espalhar.
Mas dali a pouco veio um telefonema.
- Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada sobre aquilo.
- Aquilo o quê?
- Você sabe.
Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurava.
- Você contou para alguém?
- Ainda não.
- Puxa. Obrigado.
Como o tempo, ganhou reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo com uma oferta de emprego. O salário era enorme.
- Por que eu? - quis saber.
- A posição é de muita responsabilidade - disse um amigo.- Recomendei você.
- Por quê?
- Pela sua discrição.
Subiu na vida. Dele se dizia tudo sobre todos, mas nunca abria a boca para falar de ninguém. Além de bem informado, um gentleman. Até que recebeu um telefonema. Uma voz misteriosa que disse:
- Sei de tudo.
- Co-como?
- Sei de tudo.
- Tudo o quê.
- Você sabe.
Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia remota. Os vizinhos contam que uma noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram na casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que a voz que mais se ouvia era a dele, gritando:
- Era brincadeira! Era brincadeira!
Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
Sabia demais.


(Eu sei demais!!!)


(*) texto extraído do livro As mentiras que os homens contam, de Luis Fernando Veríssimo, Ed. Objetiva, 2001 - pág. 99-102

02 fevereiro 2006

Eles e eu.

Ana Maria o conheceu criança, e com ele se tornou mulher na noite de núpcias. Cresceu com Pedro e os filhos que vieram. Os filhos cresceram muito rápido.

Ana Maria passou a se sentir ainda mais solitária, afinal Pedro ou viajava ou trabalhava até muito tarde. Ela nunca questionou as demoras dele, bem como ele nunca se deu ao trabalho de explicar e Ana Maria foi vivendo sua vida, até que ganhou de presente dos filhos um computador.

Nele aprendeu a teclar com outras pessoas em salas de bate papo e lá, se apaixonou por Chico. Chico labioso, Chico dadivoso, Chico convenceu Ana Maria a sair para um café no shopping e Ana Maria relutou, pensou em Pedro, pensou no casamento de anos, mas foi.

Chico cavou, cavou, cavou até que conseguiu minar toda relutância de Ana Maria e deitaram-se em lençóis brancos, daquele hotel escondido perto da saída da cidade. Ana Maria foi relutante, mas saiu de lá renovada, contente, saltitante.

- Ana Maria está estranha! Está parecendo que vive nas nuvens! reclama Pedro para Madalena.

- Talvez esteja saindo com amigas novas ou..... kakakaka..... gargalha Madalena, jogando o corpo nú na cama king size do flat onde sempre se encontra com Pedro, seu amante de mais de 20 anos.

- Ana Maria é mulher direita, não admito insinuações Madalena! zanga-se Pedro.

- Ahhhh meu amor, não quis dizer nada disso... vem cá... vem... hummmmm..........

- Hummm!.... ressona Pedro, enlaçando Madalena e já se preparando para mais uma trepada monumental com aquela mulher safada.

Vinte anos de relacionamento extra conjugal e ela continua a mesma mulher, fogosa, gostosa, malhada. Ela incentiva o tesão que ele tem, nem precisa daquela balinha azul. Madalena é uma verdadeira potranca.

Mas ainda há algo errado com o comportamento de Ana Maria. Há algo errado!


O carro pára e Madalena despede-se de Pedro na mesma esquina de sempre. Ganha um tapinha carinhoso na bunda e desembarca rápido.

Caminha pra casa e encara Chico e fala: - Você não saiu de casa hoje?

- Não, querida! - responde Chico. Fiquei o dia todo aqui trabalhando no computador.


- Então vou lá preparar o jantar!


Finda a conversa, Chico permanece com seus pensamentos, sabendo por onde andou Madalena aquela tarde, e a forma de se vingar dos amantes.

“Ana Maria, a tarde que passamos juntos foi única. Você trouxe beleza e frescor novamente a minha vida. Espero tê-la novamente em meus braços. Sempre seu... Chico”.

(15° Concurso - Blogueiros Malditos)

31 janeiro 2006

Madeixas em decadência.

Hoje o dia não foi absolutamente normal. Por duas vezes, coisas aconteceram.
Um delas, acho melhor deixar retratada aqui.

Homens, bahhhh homens, melhor não tê-los, mas se não tê-los, como sabê-los (adaptado do poetinha!)

Gracejo eu, mulher solteira, pelas salas de bate papo da net. Não sou uma pessoa virtual, gosto do contato físico, do olho no olho, do pé no chão e do café na mesa ao trocar idéias com outras pessoas. Mas o que se encontra em sala, muitas vezes, são maridos descontentes, esposas descontentes, todos atrás de uma satisfação fulgaz.

Vivem de máscara de situações (tema do ultimo concurso dos blogueiros malditos), onde podem desnudar-se de sua condição, muitas vezes medíocre, e gravitar por uma fantasia.
Pois eu encontrei uma pessoa no bate papo. Trouxe-o para a divindade que é meu MSN, mas logo avisei, de homens casados, tenho alergia. Pingo é letra, tsunami a vista, o rapaz era mais um consorte do bambolê de otário. Amizade não perco com um casado. Tenho vários amigos nessa “delicada” situação (vide revista VEJA de semana passada). Todos prezam pela minha educação e respeito. Respeitamo-nos mutuamente.
Não deixo de ser Viridiana e eles não deixam de ser Márcio, Cirineu, Zé Carlos e por ai vai.
Assedio existe até na parte feminina, mas sabedouros de minha posição, respeitam.
Cá estou eu, as voltas com mais um rapaz que passou um só casamento e nenhum funeral, quando nossa conversa assumiu tom aquilatados de promiscuidade.
Ótimo, tenho um problema seriíssimo. Não consigo deixar de seduzir quem QUER ser seduzido. Isso porque adoro ouvir elogios!
Estou me fazendo entender? Não... então releia novamente.
Eu A D O R O ser seduzida e seduzir, como também apreciou muito mais tomar um choop ou um café do que ficar teclando várias horas, ou meses, ou anos, sem conhecer meu interlocutor.
Não que isso obviamente vá me jogar no leito desavisado. Nunca. No máximo, vai apimentar um joguinho interessante, de quebra de braço.
E o “mané” (tipos como o do prosaico laranja só pode ter esse cognome!), sentindo-se o rei da cocada preta, resolveu assumir uma posição “low-profile”.
Mané em riste, começou a angariar fundo e proventos para fazer sucumbir a doce donzela aqui, mas, como gata escaldada, ela se divertia com as “tiradas inteligentes”. Bem quando, a donzela, sentindo-se já confidente do low profile Mané, resolve mostrar-lhe um papo mantido outrora.

Segurem os lemes, o barco perdeu seu rumo! Mané descobre que não é o único a produzir a atenção da donzela no quesito sedução. E o pior, donzela, boquiaberta, resolve conversar via “Graham Bell” com o pobre Mané que, sentindo-se invadido (acho eu que invasão de privacidade é coisa de baitola!)e declarando-se ofendido pela ligação efetuada, destitui a donzela de sua valorosa companhia. (rs)

É, hoje realmente é o dia da incompreensão virtual!
Ou a donzela é uma lorpa em forma de ser humano, ou o conceito invasão de privacidade é algo que não se sabe para que existe, se não for para ser quebrado.
Por isso peço aos curiosos de plantão que perdem um dia olhando esse blog, que expliquem para a desolada donzela:
- O que é invasão de privacidade?
- O que você entende por invasão de privacidade?

Aguardo a ajuda dos mestres da paciência.

(obs.: Casados que queiram abster-se de colocar o nome, aceito o apelido.)
O segundo caso conto depois!

30 janeiro 2006

Você nunca olhou...

Você nunca olhou para isso não é ?
Então está mais do que na hora de olhar, e fazer como dizem.
Nossa voz tem poder, nossa palavra tem ordem. O povo unido é muito forte.

Não lhe custa dinheiro, só atitude!!!

Veja o anúncio
Reflita e tenha em mente o seguinte, não é porque tem estrelinhas globais e muito menos internacionais que isso acaba sendo apenas uma jogada publicitária. Isso é sério!