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11 fevereiro 2006

Celulares

Outro dia estávamos eu e mamãe no supermercado, quando ao pararmos no caixa, e em rápido colóquio com um senhor de meia idade, (por conta da idade de mamãe, me valho do fato de poder usar o caixa reservado aos idosos..rsrsrs), começou a falar que tinha visto um catador de papel com um celular na mão.

Só me interessei pelo papo quando chegamos em casa, encarei apenas como um desabafo de alguém que deve ter lutado muito para ter um telefone fixo. Lembro-me como era difícil ter um telefone fixo em casa, sonho de consumo, forma de ascensão de classe, telefone tocando era um bom sinal de prosperidade.

Pois conversávamos e deduzi, desde quando um celular, no limiar do ano de 2006 pode agora ser considerado um status social?
Qualquer pessoa tem um celular, qualquer uma mesmo. Não é surpresa.

Defronte a Igreja do Largo São Francisco (ao lado da Faculdade de Direito da USP), uma senhora que pousa todas as noites lá, (ao relento com suas caixas de papelão), um dia “estava falando” no celular. Coloco entre aspas porque não ouvi o papo, não seria de bom tom. E mesmo falando isso, me surpreendo porque coloco em cheque se realmente a mulher estava usando o celular como objeto de comunicação. Com quem ela estaria falando? Que assunto deveria estar tratando? Será que estava informando ao Senhor Prefeito, que trabalha a poucos metros dali, o estado em que se encontrava a rua onde ela dormia? Será que estava comunicando ao Senhor Secretário da Segurança Pública que ali perto estaria um procurado pela polícia? Ou estaria ela ali, conversando com alguma rádio sobre a situação do trânsito no túnel do Anhangabaú?
Ou, na mais elucubrativa intenção, falando com Deus, sobre a falta de consciência do Governo que não a coloca em um lugar bom, em uma casa descente.

Enfim, que problema há em alguém portar um celular, seja ele quem for, seja ele um mendigo ou seja um diplomata? Você que me lê, acha que a inclusão digital, social, ou seja lá o que for, não tem direito a alcançar qualquer cidadão?

Você também ficaria surpreso em ver um excluído social com um objeto de suposto status social?

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10 fevereiro 2006

Sedex devolvido


Sou uma mulher muito ponderada. Sempre me achei mais amiga das amigas do que dos familiares.

Talvez seja reflexo do fato de sempre me preocupar com a forma como as pessoas me vêem. Uma coisa que estou trabalhando e muito na terapia.

Pois agora não estou mais admitindo ser tratada como uma mulher que está sempre a postos para ajudar. Sim, sou uma pessoa legal, sou amiga, sou até muito companheira, mas não sou idiota, não sou pessoa para ser explorada, afinal a escravidão acabou faz muito tempo.

Então não venham me dizer que amigo não é pessoa que deva falar tudo o que vem a cabeça. Eu falo, sem medir conseqüências, por que se você abriu suas portas para mim então esteja preparada para que eu reclame da pintura de sua sala (porque observo mesmo!).

Se você abriu a geladeira para mim, não espere que eu fique olhando aquela latinha de cerveja e passando vontade. Não vou me fazer de rogada.

Então, amigo não é aquele que ouve as coisas e não dá seu parecer. Amigo critica sim, faz observação e discute.

Quem ouve algo e não dá pitaco, não é amigo, por que não se importa com o que a pessoa falou. Apenas ouviu e não se interessou.

Hoje ouvi isso, mas não estou a fim de levar esse “pacote”. Não aceito e devolvo, sem me importar com a devolução. Nesse momento não sou amiga, nesse momento sua “revolta” não me interessa, nesse momento sua indiferença medida para mim não quer dizer absolutamente nada.

E por ai vai a vida. Volto a vivê-la. Continuo sendo a mesma pessoa, aceitando as críticas que me fazem. Posso concordar ou não concordar, mas não sou a tramela de boca alguma.

Esse foi o meu desabafo de sexta feira. Viram outros. Aguardem.