Tá, sou policial e todo mundo sabe disso, bem como sabem onde trabalho e que adoro de paixão minha profissão.
Sou daquelas não tão caxias, mas gosto da adrenalina. Passei quinze anos no pior lugar, no lixo da polícia, no Departamento de Narcóticos. Lugar ruim para qualquer policial. Mas eu amava o trabalho lá.
Há quatro anos me encontro no Gabinete do Secretário de Segurança Pública. E é de lá que eu pretendo espirrar o mais rápido possível.
Sou daquelas não tão caxias, mas gosto da adrenalina. Passei quinze anos no pior lugar, no lixo da polícia, no Departamento de Narcóticos. Lugar ruim para qualquer policial. Mas eu amava o trabalho lá.
Há quatro anos me encontro no Gabinete do Secretário de Segurança Pública. E é de lá que eu pretendo espirrar o mais rápido possível.
Sou operacional, gosto da agitação, mesmo não sendo uma policial de frente de batalha, muito menos de plantão. Dou o valor que esses companheiros devem ter. Sei o que eles sofrem de tanto que ouço reclamações, e não são poucas.
Com os atuais acontecimentos, o sentimento de estar em "estado de sítio" foi bem alimentado e eu fiquei emocionada com a quantidade de pessoas preocupadas comigo, foi legal. No entanto posso lhes dizer, eu mesma não estava preocupada.
Nos acostumamos a perder amigos. Sei que isso soa meio seco, mas aprendemos a ser evasivo com a morte. Encaramos ela todos os dias, e mostramos a língua sem cerimônia.
No começo era estranho, chorava, reclamava... sofria. Era difícil você acordar, conversar com a pessoa, rir com ela o dia todo e a noite receber a notícia que ela estava morta.
Comecei a encarar a morte como um estágio normal. Ainda sofro, claro, quando a morte é sem sentido, como dos amigos que foram apenas por portar uma carteira preta (de agente da lei, diferente da dos Delegados que é vermelha e significa Autoridade), ou porque eram conhecidos dos "nóias" da vila, mas ainda assim é um estágio.
Lembro quando reparava o quanto era respeitada se estava do lado dos "capa preta" da polícia. Eles entravam nos bares e padarias para tomar o café, se houvesse algum "mala", a conversa era encerrada, os olhos eram baixados e o silêncio imperava, até a hora de nossa retirada. Isso era respeito velado. Hoje, ouço "vou atirar numas bases comunitárias aí pra ver bota preta caindo".
É... ver "bota preta" caindo...
Ok.. que caia a bota preta, menos a bota preta dos que salvam a vida de qualquer um, os Bombeiros! Estou revoltada.
Estou vendo alardearem o tal "Estado de Direito", no entanto esqueceram-se dos agentes deste Estado e não preciso dizer mais nada, esqueceram e TODO mundo sabe disso, TODO mundo ouviu. Estou me sentindo TRAÍDA.
Estou indignada como 99.9% dos meus amigos. Indignada por que se vou a algum lugar, tenho que ter a atenção redobrada. Hiper redobrada.
Estou chateada...
Seria muito pedir a todo mundo que lê esse blog que pense realmente em QUEM VAI VOTAR na próxima eleição?
Seria muito pedir a VOCÊS QUE MENSUREM BEM em quem vai depositar sua segurança?
Ou será que é pedir demais?
Eu vou fazer a minha parte, novamente!
