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25 novembro 2006

O meu ninguém tasca - Ailin Aleixo

Não preciso que ninguém pague a minha conta do restaurante: eu trabalho desde os 20 anos e posso muito bem arcar com o preço da minha almôndega. Não preciso que ninguém puxe a cadeira para que eu sente: tenho braços e o mínimo de coordenação motora para realizar a tarefa. Não preciso que ninguém abra a porta porta do carro para eu entrar: posso muito bem fazer isso sem cair de cara no meio-fio. Realmente eu posso fazer tudo isso aí sozinha. Mas adoro quando um homem faz para mim.
Cavalheiros são uma raça superior, rara. E mulheres que sabem receber essas delicadezas sem chiliques nem ataques de fúria também. Porque nada mais ridículo do que uma feminista ensandecida que interpreta uma simples gentileza masculina (o fofo chamar o garçom para servir o vinho, por exemplo) como uma ameaça devoradora à sua independência. Parece que ele está querendo extirpar o clitóris da cidadã. Ah, vá catar coquinho! Toma o vinho e pronto: deixe o cara ser homem e cuidar de você. Ou tenha um ataque de "somos iguais e eu é que chamo o garçom" e arque com as conseqüências de ser uma mala sem alça (solidão, gato no colo, cobertor sobre os pés, teia de aranha em diversos lugares): ninguém é obrigado a agüentar seu grau de insegurança patológica.
Eu adoro mimos masculinos. Quanto mais flores chegarem ao meu trabalho, melhor. Se quiser ficar do lado da rua enquanto andamos na calçada, tudo bem. Não me sinto menos independente nem ameaçada na minha liberdade porque ele prefere que eu não seja atropelada. Será que dá para relaxar um pouco e nos permitirmos ser mais "mulherzinhas"?
É uma tremenda mentira dizer que afagos cavalheirísticos não fazem falta nestes tempos de tantas obrigações e cobranças, nesta época de deveres infindáveis. Para que nos privarmos de coisas tão boas quanto ele colocar sua jaqueta sobre nossas costas numa noite de vento frio? Aceito ser a parte mais fraca se isso significa ser cuidada com carinho.
Mas homem cavalheiro é um troço mais difícil de achar do que calça 42 em ponta de estoque. E a culpa é só nossa: se parássemos de reclamar da falta de modos e galanteios dos machos da espécie e nos tornássemos melhores professoras (seja como mulheres, seja como mães), todas estaríamos mais satisfeitas. No final das contas, eles são frutos da nossa educação. Se a maioria tem o grau de gentileza de um hooligan é porque deixamos de mostrar que ser zeloso não é sinônimo de ser veadinho e que ser carinhoso não broxa. É porque nos omitimos na hora de apontar a trilha certa e só saímos da moita no momento de dar bronca porque eles enfiaram o pé no estrume.
Você sonha com um homem que sirva a bebida e ligue para dizer boa-noite? Crie o seu.


Recebi por email e é apropriadíssimo para estar aqui... criando o
meu homem sonhado.