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30 setembro 2006

Ouça uma música do Filme Crash

Aviso da Lua que Menstrua (Elisa Lucinda)

Um dia uma amiga me deu um texto para ler. Era esse poema de Elisa Lucinda. Uma delícia de ler, e hoje vendo a Angélica entrevistando a Elisa, lembrei do texto, muito apropriado.
Delicie-se...

Aviso da Lua que Menstrua

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!

Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos...
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não despreze a meditação doméstica.
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofia
cozinhando, costurando
e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.



E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!

Não precisa falar muito né ?

29 setembro 2006

Golpes no caminho

Trabalho no centro de São Paulo. Algumas vezes, trabalhar ali da a impressão de que você está voltando no tempo.
O Centro de São Paulo é bucólico. Da janela da minha sala dá para se ver uma revoada de pombos, e até uma das pontas da Igreja da Sé.

É o centro antigo, onde é gostoso andar e procurar algo para comprar. No entanto, tem suas adversidades por aqui! Não dá para andar tranquilamente, por que com certeza, além de esbarrar em muita gente, você pode perder sua carteira, sua bolsa. Ou seja, ande atentamente e nunca de cabeça baixa, isso demonstra medo, aflição. Cabeça alta, olhando para frente dá a impressão de pessoa confiante, sem medo.

E o centro de São Paulo tem uma gama de diversidade incrível. Mistura-se o bom da arquitetura, da lembrança do antigo, como também se observa a degradação da vida humana. Já escrevi aqui sobre as pessoas que dormem ao relento. Já observei a engenhosidade de alguns moradores de rua para guardar seus pertences, entre caixas de madeira e plástico, abrigando suas colchas e cobertas da chuva.

Pior são os "pegadores de trouxa". Você deve conhecê-los. Eles se juntam em torno de caixas de madeira empilhadas e com três forminhas, daquelas de fazer empada, e uma bolinha de borracha, fazem a vítima descobrir onde está a bolinha, e com diversos truques e a ajuda de mais dois ou três comparsas, distraem a presa e pronto. Mais uma vítima dos "jogadores de tampinha".

Mas o interessante é a dinâmica deles. Montavam essas caixas de manhã na Praça da Sé, até que instalaram as tais câmeras de vigilância. Então migraram para o Viaduto Santa Efigênia, um ponto cego da cidade, e lá permanecem no meio do caminho, duas ou três pessoas em volta das caixinhas de madeira e dois ou três outras "olhando" o movimento da rua. São os olheiros. Quando aparece um policial (seja civil, militar ou guarda metropolitano) e a qualquer movimento estranho mesmo, eles demonstam os "pedestais" e somem no meio da multidão, amparados por seus "olheiros".

O movimento é interessante, como também o fato de que muitas pessoas ainda caem nesse "velhíssimo conto do vigário". É uma pena você reparar pessoas com os olhos esbugalhados vendo tanto dinheiro nas mãos dos larápios. Eles sonham com a sorte. Por isso dizem, que o olho cresce ao ver facilidades.

Bom, esse é o centro de São Paulo.

28 setembro 2006

Tiradas da baixinha

(fonte: Tiradas da baixinha - 20.9.06)

(fonte: Tiradas da baixinha - 27.9.06)


Como é bom andar pela net e achar coisas deliciosas para ler.
Pois no tempo de "brake" total do blog, comecei a procurar templates e cai "acidentalmente" no blog "Tiradas da baixinha" .
Espiritosa, carioca e inteligente. Delícia de ler.
Tá certo que só pinto lá de mês em mês, mas é gostoso pegar um mês inteiro e ler todas as tiradinhas dela.
Não me perguntem mais nada sobre o blog, não sei! Só sei que rir é bom...

O link tá aí e já coloquei na parte que afeta o coração. Vai lá visitar e dar risadas! É bom!

27 setembro 2006

Recesso ?

Sim... recesso!

Durante um tempo fiquei sem postar algo aqui no blog.
Não foi momento de descanso, afinal estava fazendo outras coisas, mas não me senti confortável com o layout que estava, não parecia em nada comigo, que gosto de coisas claras, alegres, divertidas e por que não dizer, irônicas.
O site em que arrebatei esse template tem vários maravilhosos, escolhi vários, e desses, vou mudar quase sempre (vejam bem, quase sempre!!!).

O dia hoje começou de forma aparentemente normal, até chegar ao estacionamento do meu trabalho. Atravessando a rua, ouvi ao longe a freada brusca de um carro. Na avenida Ipiranga é costumeiro ouvir esse tipo de som.
A curiosidade chamou a atenção e lá fui eu, desviando um pouco do caminho para olhar o que tinha acontecido. Avistei um rapaz de calça jeans no chão, rosto bastante machucado e, via de regra em quase todo acidente, muita gente ao redor.
Espantei-me com a quantidade de pessoas próximas ao canteiro central onde estava o rapaz, ocupavam quase duas faixas da avenida, e aí compreendi como as pessoas são morbidas no dia a dia. Compreendi também que a morbidade atinge até mesmo quem está relatando esse acontecimento. O pior que acidentes tornaram-se corriqueiros e seus observadores também. Pessoas olham outras caídas no chão, não com olhar de compaixão, mas sim uma curiosidade estranha. Uma coisa meio tétrica.
Sinto muito por essa absoluta "falta de sentimento".

Continuei meu caminho, andando até esse trabalho que tem se tornado um peso enorme. Não tenho tido mais paciência para aguentar atitudes maquiavélicas de um chefe déspota ..., mas um dia eu conto essa longa história.