Formei-me Bacharel em Ciências Sociais e Política no ano de 1991 (1988-1991) pela Escola de Sociologia e Política do Estado de São Paulo, da Fundação Escola de Sociologia e Política do Estado de São Paulo.
Depois desse belíssimo ano de 1991, nunca mais coloquei os pés naquela faculdade (a não ser para pegar o diploma em 1992/1993).
Foram anos conturbados, nos quais, como qualquer estudante, resolvi parar e dar um tempo para a cabeça descansar. E lá se vão 15 anos. Quinze anos totalmente parada. Tentar Pós em faculdades eu não tentei, adiava as tentativas para anos vindouros, mesmo porque na FESPSP não tem pós graduaçao stricto sensu. Não quero sair de um lugar sendo apenas "especialista" (latu sensu) no assunto.
Sem contar que no dia de nossa colação de grau, recebemos a belíssima notícia que um dos "companheiros" havia conseguido entrar na Pós Graduação da USP. Desiludi-me, pois se aceitavam aquela "besta humana", nada mais no mundo tinha salvação.
Sim, decepcionei com o fato que tudo nesse mundo gira em torno de quem é indicado por quem. Mas relevemos esse fato, nunca mais ouvi falar do fulano. E também não concorri a nenhum curso de pós graduação na suprema USP.
Hoje, não conseguiria fazer curso de Pós algum, primeiro pelo valor cobrado, segundo porque seria mais fácil fazer uma outra faculdade com licenciatura e dar aula (coisa que SEMPRE abominei). É, podem me chamar de egoísta, mas meu conhecimento é fruto de muito estudo solitário, muito procurar, muito olhar. Sou egoísta em não dividir, sou mesmo, por que nunca esperei ninguém me indicar o caminho, eu o busquei.
Mas não vou ficar de justificativas aqui sobre o não fazer Pós ou o por que ainda não o fiz, seja problema financeiro ou não, um dia alguma luz cai no meu caminho (sem ter que pedir "indicação" para ninguém) e consiga fazer o que quero.
Meu exemplo veio da nossa própria sala de aula. Estavam conosco duas pessoas com mais de 60 anos fazendo o curso de graduação. Dai percebi que NUNCA é tarde para absolutamente nada.
Mas o que me trouxe aqui a falar da FESP, foi o ritual do abacateiro.
Meu irmão Rene perguntou se tinha passado pelo ritual. Não me recordava. Os primeiros dias de aula do noturno foram muito engraçados. Primeiro palestras sobre Economia com Eduardo Suplicy, e outros que não me recordo agora.
Foi uma semana agitada, com direito até a tomada do sotão do casarão por causa da Mantenedora da Fundação nos impedir de acessar alguns direitos pré-existentes. Mas não me recordo realmente de nenhum ritual do abacateiro.
Lembro-me sim, dos travestis entrando em sala de aula para fugir da "justa". Do Kennedy "incitando" o André Fischer, Professor de Sociologia, a um debate sobre causa e efeito e no final, palavrões de um lado e do outro, e na saída da sala, um abraço entre os dois oposicionistas tendo o professor proferido: - Isso sim É sociologia!!!!! , ante a platéia embasbacada.
Lembro-me do colega de sala roncar em plena aula de política com uma cigarrilha na boca. E os dizeres em giz na parede NAMASTÊ IRMÃOS.
Lembro do povo da cantina e dos lanches que eu fazia, tamanha fome por conta de sair correndo da Academia (lá na USP) e o atraso contumaz.
Da mensalidade congelada de quase 4 anos de faculdade (boa época aquela). Da disputa por uma sala melhor e das palavras daquele tosco do filho do Freitas Nobre (Marcos Nobre), que com a nossa idade, no 3° ano, nos chamava de incapazes, dizendo que não passávamos de "filhos de caminhoneiros". Também, o rapaz com menos de 30 anos era Mestre em Filosofia, quer mais o que ?
Lembro-me também das aulas com a turma da "left party" e da "right party". Sim, a turma da manhã (que frequentei desde o 2° ano) era toda certinha. Um jeito light de ser.
Sai do noturno primeiro por causa das aulas ao sábado e segundo por que num sábado de prova de antropologia com a Cristina, terminamos a aula às 18 horas e depois de quase 10 engradados de cerveja em sala. Fomos expulsos pelo segurança da Faculdade. Foi noblíssimo e nunca mais a Cristina abandonou a sala de aula numa prova. Traumático para a Diretora da Faculdade, alunos saindo bêbados da aula.
Sem contar que se continuasse meu curso noturno, estaria em algum centro de recuperação, com certeza. Sociólogo é boêmio e pobre desde o curso, tendo em vista que passa horas discutindo no "montese" as causas sociais regado a uma cerveja gelada.
Sem contar que inúmeras vezes tinha professoras que juntavam-se a nós no bar, por absoluta falta de aluno em sala. Sociólogo é pobre, mas dono de bar perto da faculdade lucra muito. Uma dicotomia muito engraçada.
E rindo aqui me lembro do anúncio no bar sobre "insumos" cobrados à parte, no almoço. Ah! as aulas de economia.
Foi o meu melhor tempo, roubar (ops!) livro na Livraria. Confesso que sai da livraria com o livro da UNB, capa amarela, grosso, uma bíblia, e ninguém notou. Doída que era, esqueci-me da profissão e me tornei altamente delinqüente. Mas ao todo foram cinco livros surrupiados. Tudo pelo bem do conhecimento. Não configura crime famélico, mas se pudesse me socorrer dessa premissa, não duvidem, faria!!!
Foram os melhores 4 anos de minha vida. Gostaria de repetir? Claro!
Tentei Direito no Mackenzie, mas não quero fazer algo novamente pago! Estudo para entrar na USP. Mas vou adiando por falta de vergonha na cara mesmo.
No entanto, se a ESP abrisse a pós stricto sensu, não duvidem, estarei lá, fazendo meu curso.