Trabalho no centro de São Paulo. Algumas vezes, trabalhar ali da a impressão de que você está voltando no tempo.
O Centro de São Paulo é bucólico. Da janela da minha sala dá para se ver uma revoada de pombos, e até uma das pontas da Igreja da Sé.
É o centro antigo, onde é gostoso andar e procurar algo para comprar. No entanto, tem suas adversidades por aqui! Não dá para andar tranquilamente, por que com certeza, além de esbarrar em muita gente, você pode perder sua carteira, sua bolsa. Ou seja, ande atentamente e nunca de cabeça baixa, isso demonstra medo, aflição. Cabeça alta, olhando para frente dá a impressão de pessoa confiante, sem medo.
E o centro de São Paulo tem uma gama de diversidade incrível. Mistura-se o bom da arquitetura, da lembrança do antigo, como também se observa a degradação da vida humana. Já escrevi aqui sobre as pessoas que dormem ao relento. Já observei a engenhosidade de alguns moradores de rua para guardar seus pertences, entre caixas de madeira e plástico, abrigando suas colchas e cobertas da chuva.
Pior são os "pegadores de trouxa". Você deve conhecê-los. Eles se juntam em torno de caixas de madeira empilhadas e com três forminhas, daquelas de fazer empada, e uma bolinha de borracha, fazem a vítima descobrir onde está a bolinha, e com diversos truques e a ajuda de mais dois ou três comparsas, distraem a presa e pronto. Mais uma vítima dos "jogadores de tampinha".
Mas o interessante é a dinâmica deles. Montavam essas caixas de manhã na Praça da Sé, até que instalaram as tais câmeras de vigilância. Então migraram para o Viaduto Santa Efigênia, um ponto cego da cidade, e lá permanecem no meio do caminho, duas ou três pessoas em volta das caixinhas de madeira e dois ou três outras "olhando" o movimento da rua. São os olheiros. Quando aparece um policial (seja civil, militar ou guarda metropolitano) e a qualquer movimento estranho mesmo, eles demonstam os "pedestais" e somem no meio da multidão, amparados por seus "olheiros".
O movimento é interessante, como também o fato de que muitas pessoas ainda caem nesse "velhíssimo conto do vigário". É uma pena você reparar pessoas com os olhos esbugalhados vendo tanto dinheiro nas mãos dos larápios. Eles sonham com a sorte. Por isso dizem, que o olho cresce ao ver facilidades.
Bom, esse é o centro de São Paulo.
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