Ela passou um ano olhando o mundo pela lente embaçada de um monitor. Acordava as 7:00 hs só pelo prazer de ligar o computador e falar com ele, eram momentos de puro deleite, pura obsessão. Nutria por ele enorme admiração. Considerava-o um homem esperto, inteligente, resolvido, coerente.
Quando precisava ausentar-se, corria o suficiente para que chegasse no momento do Adeus, que era um sinal de que no dia seguinte, as coisas estariam do mesmo jeito, no mesmo patamar.
Até que um dia, o sol bateu muito forte no monitor, e ela pode ver o próprio reflexo e entender que ali não havia nada, absolutamente nada. Ela falava com ela, por ela e do modo dela. Ofuscada pelo próprio brilho, ela se assustou e se escondeu. Encontraram-na naquele lugar escuro, sombrio, fétido, horrível.
No dia seguinte, ela ligou o pc e se deu conta de que ela era muito mais do que um mero virtual.
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